quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

José e Pilar


Rever este documentário faz-me viajar no tempo, uma viagem curta, é certo, contudo traz-me uma saudade imensa de um lugar mítico, de um espaço que conheci este ano inexplicável por palavras. Uma dualidade de sentimentos. Se viajo ao meu interior recolho as imagens de amizade... de carinho... de sorrisos... de sonhos... de literatura... de serras... de saudade... de coragem... de luta... de alegria... diversão... de amor, de mistério, de dúvida: tudo o que alimenta a alma...

Regresso ao exterior e num auditório comum, assisto ao documentário José e Pilar. Marcante. Uma história que começa aos 63 anos. Uma história de amor inimaginável entre um homem polémico e uma feminista. Um documentário comovente, com momentos cómicos, um humor refinadíssimo, bastante forte. “Escrevo desassossegado, vivo para desassossegar” assim se resume a vida deste escritor. É a lição de que nunca é tarde para se fazer o que mais se gosta, nunca é tarde para descobrir novos talentos, ou melhor, talentos escondidos…

E na reta final de mais um ano, só espero que 2012 seja no mínimo igual a 2011.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Romance de António Castanheira

Algumas profissões ganharam por mim tal respeito que me atrevo inclusive a mencionar aquelas que mais me marcaram até hoje pelo maior risco de vida, sofrimento, desgaste, árduo trabalho e outras tantas suscetibilidades a que estão sujeitos.... Falo de pescadores e mineiros.

Conheci esta última realidade através de alguns mineiros das Minas da Panasqueira a quem muito agradeço. Agradeço a oportunidade de trabalhar neste centro e ter trabalhado com este grupo, um dos que mais me marcou. Com estes adultos pude conhecer o seu dia a dia, os contrangimentos, a força interior, a garra, a inteligência e ao mesmo tempo descobri sensibilidades para tantas áreas como a escrita, por exemplo. Homens autênticos que me ensinaram que não ver a luz do dia durante 15 dias quase ininterruptos não é o fim, que há vida na mina...

O Quim sugeriu-me este texto que li com muita dedicação.

António Palouro, já falecido fundador do Jornal do Fundão, escreveu este relato em 1963 que não pôde ser publicado. Descreve-nos a história de António Castanheira. No dia 21 de dezembro de 1954 o imprevisto, o provável aconteceu. "O António Castanheira era um rapaz valente. Tinha trinta e dois anos, estava na força da vida. Aguentou o ti Manel e sentou-se na outra prancha, abraçados, até que aquilo passasse."

Para descarregar este relato, clicar aqui, link que está direcionado para o site http://panasqueira.net/.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Prémio Pessoa 2011

(http://aeiou.visao.pt)

Este ano o galardoado é Eduardo Lourenço, ensaísta e filósofo da região, nascido no concelho de Almeida.

Este prémio tem como objetivo "contribuir anualmente para o alargamento e o aprofundamento da obra de tantas pessoas portuguesas, umas mais conhecidas outras menos, que necessitam e merecem ser encorajadas para fazer mais e melhor".

Desta forma também se contraria a tradição do reconhecimento póstumo de PESSOAs que não são valorizadas em vida como o próprio Fernando Pessoa e outras personalidades marcantes na nossa História.

Uma sugestão:

Ler Eduardo Lourenço: http://leduardolourenco.blogspot.com/

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ainda há pastores?

Passaram quase cinco anos depois da primeira exibição de "Ainda há Pastores" na televisão (SIC Notícias). Quase cinco depois, conheço pela primeira vez o protagonista deste documentário de Jorge Pelicano: Hermínio.
A humildade, a simplicidade, a ingenuidade deste pastor conduz-nos a um mundo aparentemente distante, onde a natureza no seu estado mais puro vê crescer o pastor que apascenta as suas ovelhas num vale da Serra da Estrela. Esta serra esconde sonhos, lamentos de quem vive quase isolado. Apesar da dura vida que leva, sem feriados, sem sábados, nem domingos, Hermínio divide-se entre o seu sustento e a música que escuta das cassetes e CD's do cantor preferido: Quim Barreiros.

A felicidade está em todo o lado... seremos assim tão exigentes?

Um documentário merecedor de vários prémios, alguns internacionais. Mais um aplauso em português e como diz o velho ditado: Mais vale tarde que nunca.


SINOPSE
Há lugares que quase não existem.

Casais de Folgosinho nem sequer é um lugar.
Não há luz eléctrica, não corre água canalizada, não há estradas. Perde-se no silêncio de um vale entre as montanhas da Serra da Estrela.
Em tempos foi um autêntico santuário de pastores...Com dezenas de famílias e milhares de cabeças de gado. Hoje, os mais velhos vão morrendo e os novos fogem da dura sina de ser pastor.
365 dias por ano.

Herminio, 27 anos, contraria o fim.
Dizem que é o pastor mais novo, mas também o mais doido.
Sozinho, rádio na mão, rasga montanhas ao som das cassetes do popular cantor Quim Barreiros, que um dia sonha conhecer.
Os sons das cassetes e do rádio puxam-no para longe de uma vida de solidão. São a união entre dois mundos diferentes.
Distantes e próximos.

Na sociedade moderna o futuro de Hermínio é inquietante.
Até quando o jovem Hermínio será pastor?
Mas...ainda há pastores?"
retirado de http://aindahapastores.blogspot.com/

domingo, 11 de dezembro de 2011

Ler

A leitura pode muito bem resumir-se a esta fantástica imagem.

A presença virtual dos amigos é a força para nos ajudar a enfrentar os vários mundos. A minha amiga Ana mimou-me com esta bonita imagem. A minha amiga Ana está distante geograficamente, mas bem próxima do meu coração. As amizades também se explicam pelas circunstâncias, contudo são inexplicáveis. Os caminhos entrecruzaram-se e apartir desse momento surgem como que paralelamente...
Não podia deixar de partilhar a imagem e a amizade, a voracidade do tempo não deixa ditar palavras nos momentos certos. Por vezes é preciso fazê-lo parar... parar o tempo, parar no tempo...



Livros.

Eles fazem-nos sonhar. :)))

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A vida é feita de pequenos nadas...

"E o que é certo
é que os que têm quase tudo
devem tudo aos que têm muito pouco
mas fechem bem esses ouvidos
que o melhor ainda é ser mouco
isto diz paternalmente
quem acha que é ponto assente
que isto nunca vai mudar
e que o melhor é começar a apanhar
umas chapadas
a vida é feita de pequenos nadas."

Sérgio Godinho

domingo, 13 de novembro de 2011

Nocturno

Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...

Como um canto longínquo - triste e lento-
Que voga e sutilmente se insinua,
Sobre o meu coração que tumultua,
Tu vestes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando. entre visões, o eterno Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Gênio da Noite, e mais ninguém!

Antero de Quental

sábado, 12 de novembro de 2011

Mia Couto e o Prémio Eduardo Lourenço


"- De onde tu és? - perguntou Deolinda.
- Sou da Guarda.
Ingénua malícia no olhar, ela sussurou no ouvido de Sidónio Rosa:
- Tu és o meu anjo-da-guarda.
O riso dela ganhou espessura, inundando-lhe o corpo. Depois, o corpo já não lhe bastava e ela se encostou nele. "

O autor de "Venenos de Deus Remédios do Diabo", o inventor de palavras, o engenhoso criador de histórias vai marcar presença na Guarda para receber o Prémio Eduardo Lourenço 2011 atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos.

Tomei conhecimento na sessão de apresentação do livro "Jesusalém" em 2009 que o vencedor desta sétima edição tem raízes no concelho de Armamar (distrito de Viseu). Talvez a naturalidade de Sidónio Rosa não seja mera coincidência...


A sessão terá lugar na Câmara Municipal da Guarda dia 25 de novembro.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Feriados

Provavelmente nunca se ouviu falar tanto em feriados. Talvez a Igreja Católica detenha a maioria das comemorações destes dias. A verdade seja dita, muitos há que sabem que o feriado existe sem explicar a razão. Mais grave ainda (na minha opinião) é não saber o que se comemora no dia 5 de outubro ou 1 de dezembro. Afinal para que servem os feriados? Para muitos a triste ideia de trabalhar, para outros a alegria de o gozar em plena tranquilidade ou pseudodescanso.
Se todos os anos comemoramos sempre o mesmo feriado, cada ano tem um sabor diferente pelas mais diversas razões.

O Dia de Todos os Santos é sempre um dia triste e, ao que parece, a natureza sempre se compadece desta tristeza. No dia Todos os Santos, honram-se todos os santos conhecidos e desconhecidos, que cada vez são mais numerosos. Esta comemoração antecece o real dia dos finados, ou como chamam na América do Sul: Día de los muertos.

Neste dia visitamos os cemitérios sempre tão floridos. Essas cores contrastam com os sentimentos. Inevitavelmente as lágrimas correm-nos pela face, recordamos os nossos entes queridos, familiares, amigos bem próximos dos nossos familiares, os nossos amigos, conhecidos... E por que razão necessitamos deste dia, e num ato meramente social na minha opinião, para nos mostrarmos sentidos daquela ausência. Para quê procurarmos o sofrimento neste dia? Para quê demonstrá-los?

Aliado a este facto está mais uma vez a vertente social. A falta de respeito de alguns transforma-se na irritabilidade de outros. Atiram-se beijos, abraços, durante o momento solene, quase silencioso do dia. Comenta-se a indiferença perante campas mal arranjadas ou não arranjadas. etc, etc, etc...


"Por estranho que isto possa parecer, se vivermos na morte, viveremos mais intensamente na vida. O nosso erro consiste em pensar que a morte é a negação da vida quando a morte é a essência mesma da vida."

in Não tenhas medo do escuro de Gabriel Magalhães

domingo, 30 de outubro de 2011

Encontros

Dia 28 de outubro, no Teatro do Campo Alegre no Porto, houve um encontro, um reencontro, uma batalha interior vencida, uma noite cheia de largos sorrisos, algumas reflexões, alguns pensamentos, muitos LIVROs, muitos ABRAÇOs, fãs incondicionais de José Luís Peixoto, ou talvez meros simpatizantes da sua escrita. Quatro horas tornaram-se num instante mágico. Em certas alturas o tempo torna-se num inimigo, um inimigo saudável. Não posso esticar as horas, os minutos, mas posso saboreá-los, como se fossem os últimos...
Um encontro que provocou o reencontro e tantas emoções juntas. Gostei principalmente da particularidade de poder partilhar vivências, sensações e acreditar que se tornaram numa realidade naquele instante.

José Luís Peixoto deixou de ser apenas um conjunto de palavras poeticamente escritas em vários volumes, tornou-se num sorriso, numa simpatia, numa amabilidade inesperada. No final da sessão, acarinhou cada leitor com a sua marca.

ABRAÇO, é o livro que se segue...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Poesia de Nuno Júdice

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Lisboa

Lisboa não é apenas a capital de um país… a sua importância advém de tempos longínquos em que se descobriu a verdadeira essência deste espaço mágico, apreciado e reconhecido por tantos e tantos homens e mulheres… Não subestimando outras cidades de igual importância, Lisboa tem mais encanto sobretudo quando se vive dentro ou perto dela algum tempo… Não admira estes recantos lisboetas sejam inspiradores de grandes poetas, escritores, cantores portugueses. Conhecer esta cidade está para além de visitar os monumentos considerados ex-líbris da cidade. A verdadeira cidade está nos pequenos espaços, nos pequenos miradouros, nas pequenas ruas, avenidas, jardins. Lisboa é mais literária ainda quando nos deixamos influenciar pela magia que esta dispõe e percebemos isso nos momentos que nos proporciona com os demais amigos com os quais nos cruzamos e que no-la apresentam.

Um bem-haja a todas as amigas que conheci em Lisboa e perto dela, que me mostraram uma Lisboa diferente, afinal não tão distante, nem inacessível, nem tão pouco incompreensível...

Ao fundo, o Tejo


Pequeno altar junto à Rua da Achada :)


A caminho da Sé


Candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade-UNESCO


Vista do Elevador de Santa Justa


Praça do Comércio


Ponte 25 de Abril

Ao fundo, a margem sul :)


No Largo do Rato


Junto à Assembleia da República

A descer as Amoreiras


Jardim da Estrela


Basílica da Estrela

E agora.... um dos grandes poetas portugueses que se serviu durante anos da inspiração desta nossa capital. Aqui ficam algumas fotografias da casa que habitou, transformada agora em Casa de Fernando Pessoa.

Lugar cativo no Martinho da Arcada


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Manuel de Pina é o vencedor do Prémio Camões 2011

ESPLANADA (1991)

Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.